segunda-feira, novembro 05, 2007

BIOLOGIA & GENÉTICA – CIENTISTAS CRIAM SUPERCAMUNDONGO EM LABORATÓRIO


Um grupo de pesquisadores americanos conseguiu criar em laboratório um"super-camundongo" que corre, come e vive mais e se mantém em melhor forma do que os roedores comuns, o que abriria grandes expectativas para pesquisas sobre a melhora da condição humana, disseram hoje fontes ligadas à pesquisa. Um dos membros da equipe, o guatemalteco Marco Cabrera, explicou à Efe que no laboratório da Escola de Medicina da Universidade Case Western, em Cleveland (Ohio, EUA), foram criados mais de 500 "Ligeirinhos", que "passam todo o tempo em que estão acordados em atividade".

Os resultados do estudo, coordenado por Parvin Hakimi, Jianqi Yang, Fátima Tolentino Silva e Richard Hanson, foram publicados esta semana na revista "Journal of Biology Chemistry".

"Basicamente o que ocorre é isto: a enzima fosfoenolpiruvato carboxiquinase naturalmente produz glicose no fígado e no rim.

Nestes ratos a enzima se expressou geneticamente nos músculos", explicou Cabrera, engenheiro biomédico radicado nos EUA desde 1983.

O resultado gerou ratos sete vezes mais ativos que seus congêneres não modificados geneticamente, que podem correr de cinco a seis quilômetros a uma velocidade de 20 metros por minuto sobre uma esteira por até seis horas, sem parar.

Os animais, denominados como "PEPCK-Cmus" pelos cientistas do laboratório de Engenharia Biomédica, comem 60% a mais que os ratos comuns e, no entanto, não aumentam de peso, têm 10% menos de gordura e uma capacidade aeróbica duas vezes maior que a dos ratos normais.

Todos os ratos "PEPCK-Cmus" têm vidas mais longas que os outros, e algumas fêmeas procriaram até os 2,5 anos de idade. É um aumento enorme de fertilidade se for considerado que a maioria dos demais ratos não se reproduz depois do primeiro ano de vida.

"Metabolicamente, estes ratos são similares a Lance Armstrong pedalando pelos Pirineus. Eles utilizam principalmente ácidos graxos para obter sua energia e produzem muito pouco ácido láctico", explicou Richard Hanson, autor principal do artigo, comparando-os com o ciclista americano.

"Estes ratos funcionam de maneira similar que os atletas humanos de maratona", disse Cabrera, que trabalhou desde os anos 1980 no estudo da fisiologia do exercício, e no laboratório de exercício para crianças em um hospital de Cleveland.

Agora o principal desafio é poder aproveitar estes avanços no ser humano.

"Encaramos agora nos EUA uma verdadeira epidemia de obesidade entre as crianças e adolescentes, e sabemos que a obesidade está ligada ao desenvolvimento do câncer", disse Cabrera.

Um dos próximos projetos do grupo de pesquisadores é a comparação das probabilidades de câncer entre ratos atletas e ratos comuns com um regime de exercícios.

Como parte do estudo, os pesquisadores determinaram o consumo de oxigênio, a produção de dióxido de carbono e as concentrações de lactato no sangue dos ratos "PEPCK-Cmus" e dos ratos em grupos de controle durante o exercício em uma esteira com inclinação de 25 graus.

A velocidade da esteira foi aumentada em dois metros por minuto a cada 60 segundos até que o rato parou de correr.

Os imitadores do "Ligeirinho" correram uma média de 31,9 minutos comparados com 19 minutos nos animais do grupo de controle.

Fonte: http://groups.tecnocientista.info/nd.asp?cod=6200

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