quinta-feira, novembro 08, 2007

CIÊNCIA – SEM SENSOR DA NARINA, ROEDOR PERDE MEDO DE GATO

EM ESTUDO, CIENTISTAS FIZERAM COM QUE CAMUNDONGOS NÃO TEMESSEM CHEIRO DE PERIGO.


Mesmo sem sensores, eles poderiam ser condicionados a identificar e evitar certos odores. Assim como outros mamíferos, os camundongos podem literalmente sentir o cheiro do perigo.
Essa tendência inata impede que se aproximem de outras espécies ameaçadoras e até de alimentos estragados, garantindo sua sobrevivência. Mas uma modificação genética fez com que os roedores perdessem a noção do perigo e entrassem em contato com gatos na maior cara de pau. O truque foi operado por um grupo de cientistas da Universidade de Tóquio. Num estudo publicado nesta semana na revista científica “Nature”, eles desativararam alguns receptores - "fechaduras" químicas - presentes na narina dos camundongos. Esses receptores lhes permitem justamente detectar predadores tradicionais de sua espécie, como os felinos.

A equipe do pesquisador Hitoshi Sakano modificou os camundongos de tal maneira que eles não só não fugiram de um gato doméstico como se mostraram indiferentes ao cheiro de uma raposa e ao de um leopardo-das-neves.

Os cientistas japoneses demonstraram que os animais que tiveram anuladas as funções de um pequeno grupo de moléculas do bulbo olfativo, responsáveis pelo discernimento dos riscos, não reagiram normalmente a odores repulsivos, mesmo não tendo a capacidade olfativa normal afetada. Isto é, eles eram capazes de sentir cheiros, só que ignoravam a mensagem de perigo por trás deles.

Felizmente, o estudo chegou à conclusão de que os pequenos “suicidas” podem aprender a evitar situações de risco mesmo sem os sensores. Esses camundongos mostraram que têm a capacidade de identificar o cheiro inimigo -- se forem condicionados para isso.

GENOMA DO GATO LEMBRA MAIS O DO CÃO QUE O DO RATO, DIZ ESTUDO

Rivalidades à parte, todo gato é, no fundo, 80% cachorro - pelo menos geneticamente. Essa é a mais pitoresca (embora talvez não a mais importante) das informações obtidas pelo seqüenciamento (ou seja, a "soletração") do genoma do felino, que está sendo publicado hoje por uma equipe internacional de cientistas.

Com isso, o bichano, ou Felis catus, como preferem chamá-lo os biólogos, torna-se mais uma espécie de mamífero a ter seu genoma soletrado, ao lado de humanos, chimpanzés, ratos, camundongos e cães, entre outros. A equipe de pesquisa liderada por Stephen J. O'Brien, do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, espera que a seqüência de DNA dos gatos ajude tanto felinos quanto humanos. Os dados genéticos podem ser úteis para atacar doenças comuns entre bichanos, mas também para entender moléstias humanas -- eles têm sua própria versão da Aids, por exemplo, além de uma série de males genéticos parecidos com os nossos.

A pesquisa, que sai nesta quinta (1) na revista científica "Genome Research", só pôde acontecer a uma simpática gata abissínia chamada Cinnamon ("Canela", em inglês), que vive num gatil da Universidade do Missouri.

Cinnamon doou seu sangue felino para que os cientistas extraíssem o DNA e lessem, uma a uma, as "letras" químicas A, T, C e G que o compõem.

Aliás, a equipe já tinha descoberto a origem genética da retinite pigmentosa, uma doença degenerativa que pode levar à cegueira tanto em pessoas quanto em gatos, ao analisar uma porção mais localizada do genoma de Cinnamon (a doença, infelizmente, costuma aparecer na família da bichana, segundo revela seu pedigree).

IGUAL AO NOSSO – NO TAMANHO

Os pesquisadores estimam que o genoma felino tenha quase 3 bilhões de pares de "letras" químicas e cerca de 20 mil genes, quantidade muito semelhante à do genoma humano.

Com o financiamento recebido, a seqüência tem menos qualidade que a do genoma humano, por exemplo: cada letra química foi lida apenas duas vezes, o que acaba causando vários buracos por causa de erros estatísticos e problemas operacionais. Por isso, na prática, o que se tem é só 65% do genoma felino.

Mesmo assim, foi possível ter uma visão geral bastante clara do DNA dos gatos, inclusive comparando-o com outros mamíferos cujo genoma já foi "lido". Nesse ponto é que vem o curioso dado sobre a semelhança com os cães: 79%.

A semelhança conosco e com os chimpanzés é de 73%, e cai mais ainda na comparação entre bichanos e seu jantar preferido: só 69% de similaridade geral com camundongos e ratos.

Com o refinamento dos dados daqui para a frente, os pesquisadores também esperam usar os novos conhecimentos para usar os gatos como modelos de doenças humanas, ajudando a entender o que acontece nas moléstias no nível genético.

Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL172482-5603,00-SEM+SENSOR+DA+NARINA+ROEDOR+PERDE+MEDO+DE+GATO.html?id=newsletter
http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL165070-5603,00.html

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