quarta-feira, abril 22, 2009

Poema da Gratidão

Por Amélia Rodrigues

Senhor Jesus muito obrigada
pelo ar que nos dás,
pelo pão que nos destes,
pela roupa que nos vestes,
pela alegria que possuímos,
por tudo que nos nutrimos.

Muito obrigada, pela beleza da paisagem,
Pelas aves que voam no céu de anil,
Pelas tuas dádivas mil!

Muito obrigada Senhor!
Pelos olhos que temos...
Olhos que vêem o céu, que vêem a terra e o mar,
Que contemplam toda beleza!
Olhos que se iluminam de amor
Ante o majestoso festival de cor,
Da generosa natureza!

E os olhos que perderam a visão?
Deixa-me rogar por eles
Ao teu nobre coração!
Eu sei que depois dessa vida, além da morte
Voltarão a ver com alegria incontida...

Muito obrigada pelos ouvidos meus,
pelos ouvidos que me foram dados por DEUS.
Obrigada Senhor porque posse escutar
o teu nome sublime, e assim posso amar.
Obrigado pelos ouvidos que registram,
A sinfonia da vida...
No trabalho, na dor, na lida...
O gemido, o canto do vento nos galhos do olmeiro,
As lágrimas doridas do mundo inteiro
E a voz longínqua do cancioneiro...

E os que perderam a faculdade de escutar?
Deixa-me por eles rogar,
sei que em teu reino voltarão a sonhar.

Obrigada Senhor pela minha voz.
Mas também pela voz que ama,
pela voz que canta,
pela voz que ajuda,
pela voz que socorre,
pela voz que ensina,
pela voz que ilumina.
E pela voz que fala de amor,
obrigada Senhor.

Recordo-me, sofrendo, daqueles
que perderam o dom de falar,
e o teu nome não podem pronunciar!...
Os que vivem atormentados na afasia
e não podem cantar nem à noite, nem ao dia...
Eu suplico por eles,
sabendo porém, que mais tarde,
no teu reino voltarão a falar.
Obrigada, Senhor por estas mãos, que são minhas
alavancas da ação do progresso, da redenção,
agradeço pelas mãos que acenam adeus,
pelas mãos que fazem ternura,
e que socorrem na amargura!
Pelas mãos que acarinham,
pelas mãos que elaboram as leis,
pelas mãos que cicatrizam feridas
retificando as carnes sofridas.
Balsamizando as dores de muitas vidas!
Pelas mãos que trabalham o solo,
que amparam o sofrimento e estacam lágrimas,
pelas mãos que ajudam os que sofrem,
os que padecem...
Pelas mãos que brilham nestes traços
como estrelas sublimes fulgindo em meus braços!

E pelos pés que me levam a marchar?
Ereta firme a caminhar;
pés da renúncia que seguem
humildes e nobres sem reclamar.

E os que estão amputados, os aleijados,
os feridos e os deformados,
os que estão retidos na expiação
por ilusões de outras encarnações
eu rogo por eles e posso afirmar
que no teu reino, após a lida
dolorosa da vida
hão de poder bailar
e em transportes sublimes, outros braços afagar.

Sei que a ti tudo é possível
mesmo que ao mundo parece impossível!
Obrigada Senhor pelo meu lar
o recanto de paz ou escola de amar
a mansão de glória.

Obrigada Senhor pelo amor que eu tenho
e pelo lar que é meu!
Mas, se eu quiser, nem o lar tiver
ou teto amigo para me aconchegar,
nem outro abrigo para me confortar,
se eu não possuir nada
senão as estradas e as estrelas do céu.
Como leito de repouso e o suave lençol
e a meu lado ninguém existir, vivendo e chorando sozinha ao léu...

Sem alguém para me consolar
direi, cantarei, ainda:
Obrigada Senhor
porque te amo e sei que me amas
porque me deste a vida
jovial alegre, por teu amor favorecida
obrigada Senhor porque nasci.
Obrigada porque creio em ti
e porque me socorres com amor
hoje e sempre
obrigada Senhor.
Fonte: Poema psicografado pelo médium DIVALDO PEREIRA FRANCO – Buenos Aires – 21.11.1962

Nenhum comentário: