segunda-feira, maio 11, 2009

Religião & Literatura - Caboclos, Africanos e Kardecistas

Por Lourenço Braga - 1942

Lourenço Braga, um dos pioneiros da Umbanda publicou em 1942 o livro “Umbanda e Magia Branca – Quimbanda Magia Negra”, cujo trecho nós reproduzimos com intenção de dar seqüência ao tema que vem sendo abordado em algumas edições, sobre "kardecismo e Umbanda". Publicado por Jornal de Umbanda Sagrada em Abril de 2009. Veremos assim que em 1942 Lourenço Braga já questionava os mesmos temas que nós hoje em dia. Vamos ao texto:

“Trecho de um artigo que publiquei na “A Vanguarda” do dia 11 de março de 1941, em resposta a um outro artigo onde um conforme Kardecista dava a entender que o espírito caboclo ou de africano não podia ser guia nem protetor de médiuns ou de Centros”.

Deus, a Natureza, o Absoluto, enfim co­mo queiram entender, é, como todos sa­bem, sumamente justo, bom miseri­cor­dioso, onipotente, onisciente, etc, etc. Dito isto pergunto agora aos senhores Karde­cistas – qual a condição para um espírito ser guia ou protetor? Todos responderão naturalmente: Ter luz! Pergunto: Qual é a condição para um espírito ter luz? Todos responderão: Ter virtude, isto é, ser sim­ples, bom, carinhoso, humilde, piedoso, etc, e não ter ódio, inveja, orgulho, ciú­me,maldade, vaidade, avareza, etc. Pergunto ainda: Ter virtudes é privilégio da raça branca? Se é privilégio, então che­gamos ao absurdo de admitirmos Deus como sendo injusto por ter criado uma raça privilegiada.

Se, porém, não é pri­vilégio das criaturas da raça branca, pois que Deus é sumamente justo, poderão, portanto, as criaturas das outras raças possuir virtudes também e assim, depois de desencarnada, ter luz e ser guia ou protetores de pessoas ou Centros.

É preciso não confundir luz intelectual com luz provinda da evolução espiritual, bem diferente uma da outra!

Digo mais, um espírito reencarna-se numa tribo de caboclos ou de selvagens africanos, como missionário, isto é, para levar àqueles no meio dos quais reen­car­nou, uma certa soma de conhecimentos.

Quan­do ele desencarnar é um espírito de luz, porquanto luz bastante já possuía, tanto que reencarnou como missionário e nin­guém poderá dizer que ele não foi africano ou caboclo em sua ultima reencarnação.

Sabem muito bem todos os Kardecistas que os espíritos tomam a forma que querem e assim sendo, nada impede que os espíritos de luz, por afinidade, se agrupem em fa­langes para praticar o bem e tomem a forma de caboclos, africanos, etc, ou para pra­ticar o mal, se forem inferiores, e tomem a forma de bichos e outra qualquer.

Como sabeis a Terra é um planeta de trevas, expiações e sofrimentos e nós que aqui habitamos estamos sujeitos a sofrer as conseqüências do meio, mesmo porque somos imperfeitos, assim sendo, o mal predomina neste planeta e dessa forma no meio ambiente terreno, existem ca­madas fluídicas pesadas, formadas umas pelos nossos pensamentos e outras pelos fluídos dos espíritos sofredores e trevosos.

Justamente para combater o mal e dissipar as camadas densas de fluidos pesados, e mais ainda, para encaminhar os irmãos desencarnados que se acharem mergulhados em trevas ou sofrimento, é que uma grande quantidade de espíritos já evoluídos agruparam-se em falanges, por afinidades, e tomaram as formas hu­mildes de caboclos, africanos e outros ma­is, notando-se que possuem luzes de variadas cores, tais como sejam: roxa, rosa, alaranjada, verde, dourada, pratea­da, amarelas e outras intermediárias, sendo que os chamados espíritos quimbandeiros possuem luz vermelha.

Fonte: Texto extraído do livro “Umbanda e Magia Branca Quimbanda Magia Negra” de Lourenço Braga-Edições Spiker – 1942.
Enviado por e-mail pelo amigo ALEXANDRE CUMINO

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