sexta-feira, abril 20, 2007

OXAGUIÃ


O GUERREIRO QUE NAO CONHECE A DERROTA!

Orixá moço, Oxalá criança, as vezes adolescente, não passando do jovem adulto, Ajagunã Brinda o Universo com vida, com energia, com o lúdico e com a guerra e a cultura. Traz o dia, traz o tempo, traz a evolução e o ritmo!
Este controvertido Orixá, apenas superado em controvérsia por Exu, já traz os paradoxos em sua criação. Pois para alguns ele é filho de Oxalá com Yemanjá, mas na grande maioria da cultura este Orixá é o próprio Oxalá, em idades mais tenras! Quando sua missão era outra que apenas a administração da Criação, mas sim a de lançá-la, de construí-la e de fazê-la possível! A natureza destes dois aspectos do mesmo Orixá é tão distinta e paradoxalmente semelhante, que ao mesmo tempo em que o separa em dois Orixás distintos, os une no mesmo Orixá ao final da compreensão do momento, missão e natureza deste Orixalá (Supremo Orixá)!
Este Orixá é nascido do Odù Eji-Ogè, do primeiro alento de vida de Olorùn (Deus), com ele veio o dia primordial e consigo a vida! a ele Olorùn confiou a vida, o dia e a criação! Que não pôde realizar só, senão com a ajuda de sua irmã Odudua, nascida logo a seguir pelo Odù Oyekù e o surgimento da sombra emergida do brilho do dia e da vida, trazendo consigo a noite, o feminino, a morte. Ambos terminaram sob as ordens de Olorùn a Criação dos 9 mundos e do Aiyé (o mundo manifesto) e todos os seus habitantes, tendo como dinamizador desta relação o terceiro Orixá mais velho: Exu (esfera), aquele que faz girar o Axé destes dois princípios e que assim cria os caminhos possíveis para a realização do plano divino.
Conta uma lenda que, depois de espalhada a terra pela galinha de pata com cinco garras, desceram os Orixás para construírem o Aiyé, vieram antes de todos Ogyan e Ogum. Trabalharam arduamente construindo o mundo, quando a espada de cristal de Ogyan se rompe sob o peso da terra e da pedra. Era o instrumento celestial de Oxalá frágil para lidar com a rude matéria. Sem saber como continuar, veio Ogum que havia presenciado o ocorrido, e ofereceu a Oxalá sua própria espada para que Oxalá continuasse a trabalhar. Enquanto Ogum continuou com as próprias mãos!! Devido a isso Ogum goza de eterno prestígio com Oxaguiã, que sempre o abençoa em todo os seus empreendimentos e trabalhos!
É um Orixá de estratégia, deixando o campo de batalha para seu companheiro Ogum, que se compraz com a violência do campo de batalha. Sendo assim Ogyan é o general e Ogum seu direto imediato! A Ogyan cabe os respeitos e a honra! Tanto que além da saudação digna aos Oxalá: “Exe ê!” e “Epa Babà”, também exige o “Kabiesyle" digno dos Reis!
Esta lenda pode-se entrever a natureza extrema deste Orixá, às vezes muito branco, às vezes quase negro!! Ele nasceu de Eji-Ogbè (Eji-Onilé para o Merindilogum) um Odù de extremos! Às vezes os filhos de Ogyan, como é comum para os filhos de Oxalá, devido justamente à extrema brancura, sofrem de rinites, sinusites e outras alergias naturais a uma cabeça muito branca, assim como também a fotofobia, que a lenda relata. Também se sabe que seu comportamento é de extremos, e muitas vezes após a sua disposição extrema até quase maníaca, eles caem depois em uma grande fadiga ou até mesmo depressão... Vão ao céu e ao inferno praticamente no mesmo dia...rs. Mais uma vez os extremos da lenda. E os fantasmas, as situações obscuras e mal-resolvidas, são os agentes de maior perturbação para seus filhos, que não suportam não discernir e resolver por completo uma situação. Necessitam sempre deixar tudo às claras!! Assim as trevas (as sombras) são o que lhes deprime e atemorizam! Assim, como é comum a todos os Oxalá, não pode se ver manchado...rs. Quando digo manchado me refiro ao “manchar o Alá branco com dendê...”! Ou seja, manchar a reputação!!rs.
Quando aparece Ogum e com sua espada mistura harmoniosamente as duas tendências, na verdade Ogum e a espada são símbolo do trabalho e do progresso, assim como da batalha. Somente o trabalho pode reunir as duas tendências extremistas de Ogyan para um ponto em comum de progresso e saúde, que é o trabalho. A necessidade de Ikù participar da formação da cabeça de Ogyan é por que os filhos de Ogyan sem temores, angústias e questões a elucidar não se movem, e assim ficam se ressentindo de tanto talento armazenado e não explorado! É a união da motivação, do talento, com a necessidade e a angústia o que faz eles se moverem!! Mas apenas a espada, ou seja, os discernimentos afiados, que os filhos de Ogyan possuem por excelência, é que fará com que consigam aplicar tudo isto de modo equilibrado, saudável e proveitoso!! E isto será aplicado no trabalho, ou na batalha, fazendo emergir o valor, o novo, a virtude ou o vício, tudo para limpar o caminho e trazer o progresso! E como meta última, a perfeição! Não é necessário dizer que os filhos de Ogyan são perfeccionistas natos, e não perdoam as suas obras até atingirem a perfeição... nunca estará bom para eles, até que lhes pareça perfeito... Toda a obra para eles será sempre apenas um ensaio, a próxima será melhor, e talvez, a definitiva... Para um Orixá do progresso nunca existe a obra definitiva... e assim caminharão até à perfeição...!
Existe uma diferença em muitas casas que definem os Ogyan que portam pilão, e os Ogyan que portam espada. Assim os que portam o pilão seriam doces, progressistas e sociáveis, equilibrados. Enquanto os que portam espada seriam os desafiadores, os “encrenqueiros”, de humor instáveis e severos progressistas! No entanto ainda sabe-se que em outras casas, todos portam tanto uma quanto a outra, sendo apenas momentos do Orixá... e devendo ser acompanhado para buscar sempre estar equilibrando o Orixá.
Ogyan é em si o Orixá da Vida, do Dia, do Masculino, da Guerra e do Progresso! Enquanto Ogum, primordialmente, era o Orixá da caça. Que deixou para seu irmão mais novo Oxossi, enquanto foi se ocupar de “ganhar o mundo”. Com a ajuda de ifà descobriu o FERRO e como manipulá-lo, era este o material que “ganharia o Mundo”, assim o metal seria o elemento mais necessário e mais respeitado neste plano de matéria, sempre rivalizando com o fogo sua hegemonia (donde se tira sua eterna rivalidade e contenda com seu irmão Xangô, o fogo). Quando descobriu o FERRO todos os Orixás invejaram a descoberta de Ogum. No entanto, nem o próprio Ogum sabia exatamente o valor de tal descoberta. Foi sua parceria com Ogyan que o fez descobrir até em que extremo ele saberia explorar todo o valor desta descoberta. Pois Ogyan o estrategista efervescente, colocou Ogum para confeccionar todos os instrumentos que inventava! E assim Ogum e Oxalá produziram todos os instrumentos de labor, de cultivo, construção e também de guerra! Sendo assim Ogum, o Orixá do Ferro, se tornou também um dos patronos da construção, do progresso, do trabalho, da agricultura e da guerra! Ainda se pode ver, em suas danças míticas, Ogum fazendo uso dos instrumentos que confeccionou, ao mesmo tempo em que se pode ver, nas danças míticas, Ogyan apresentando cada instrumento criado por seu inventivo intelecto: A espada, a Lança, o Escudo, o pilão!...
Em outras lendas temos Oyà, mesmo no castelo de Xangô, sopra o fogo na forja de Ogum, para que ele possa confeccionar mais rápido a demanda de Ogyan de armas e utensílios para que este possa usar em suas batalhas! Tanto que ventos fortes e furacões são tidos como prenúncios de guerra, pois seria o poderoso e apressado sopro de Oyá para acelerar uma enorme produção de armas para a guerra de Ogyan!
Ogyan, assim como a Atenas grega, é um Orixá do gosto pela batalha como depuradora de verdades e otimizadora de progressos! Possui o gosto pelo debate, pelo combate das idéias e dos conceitos em busca de uma síntese mais perfeita, é o criador da luta entre a tese e a antítese, em busca de uma superior síntese, que novamente será posta à prova, e assim incessantemente até chegar à perfeição que este Orixá almeja! É isto, ou NADA!! Assim configurando mais um aspecto de seu caráter dado a extremos! Ogyan gosta da luta, do confronto entre idéias e ideais, entre técnicas, entre modos, caminhos e objetivos para que assim ao final surja algo mais limpo, mais reto, mais claro, mais progredido! Não suporta em si o calor da batalha, nem a confusão em si, a violência, despreza a barbárie (é um Orixá da cultura e do progresso), a desonra, a covardia, o medo, tudo isso ele ignora. Mas se regozija da guerra quando esta consegue trazer a evolução e a depuração necessárias para que a vida cresça e ascenda a outro patamar de cultura e compreensão! A confusão e a guerra, é um instrumento que Ogyan utiliza para que faça saltar a verdade, e assim, uma vez liberta, que a justiça e o progresso se façam! Um Orixá que busca trazer o valor à tona, utilizando momentos de extremos, para que o vício ou a virtude se apresentem. É o brilho do dia, que com seu esplendor força os contrastes aos extremos clareando e definindo tudo! É a visão e a verdade! Nenhuma dissimulação ou meia-verdade resiste ao vigor de seu brilho que define as naturezas e traz à tona as verdades. Alguns Ogyan no entanto são mais infantis que outros, outros são mais guerreiros e dados a batalhas que outros, e assim vai, dependendo do aspecto do Ogyan correspondente.
Assim o chamaram seus amigos, de Oxaguiã, que significa, Orixá comedor de inhame pilado! Um dia Awoledjé, seu babalawó resolve partir em peregrinação após lhe dar sábios conselhos sobre como dirigir sua cidade recém conquistada. Esta lenda demonstra mais uma característica, além de Ogyan portar as armas acima referidas, também porta o irukeré (rabo de cavalo branco) símbolo de sua realeza! E também a vareta de amoreira... demonstrando q possui também uma forte ligação e regência sobre os mortos... Ogyan, o Orixá da vida por excelência, também é o Orixá da vida após a vida! Sendo assim rege os mortos e sua lembrança viva...
Tanto q em algumas casas, antes de se fazer um Ogyan busca-se acalmar sua cabeça de Lorogum...rs. Existe um preceito muito simples e eficiente para isso.
Seu elemento: Ar e Água
Seu temperamento: Quente
Sua regência: Vida, criatividade, estratégia, a guerra, as invenções, a inteligência, o debate, o brilho, o dia!
Sua cor: o Branco, matizado de azul, cor q leva em honra a Ogum seu companheiro.
Seus instrumentos: a mão-de-pilão, a espada, a lança, o escudo, o irukeré (rabo de cavalo), o irisam (vareta de amoreira).
Comida preferida: inhame pilado.
Animais consagrados: pombos brancos, cavalos brancos, camaleão, igbin.
Saudemos então o grande senhor da vida!
Salve o grande guerreiro branco que desconhece à derrota!
Saudemos ao amanhecer do dia, quando surgirem os primeiros raios de vida e de luz!

PORQUE OXALÁ USA EKODIDÉ

Muito tempo depois que Oduduwa chegou em Ilê Ifé e começaram a adorar o culto das Águas de Oxalá, aconteceu que, logo no primeiro ano, quando estava perto das festas Oxalá escolheu uma senhora das mais velhas do terreiro, chamada Omon Oxum, para tomar conta de todo, ou melhor, de tôda sua roupa, adornos e apetrechos, depositando com toda benevolência nas mãos dela aquele direito especial para tomar conta de tudo que lhe pertencesse, da corôa ao sapato.

Omon Oxum por nunca ter tido nenhum filho criava uma menina.Dessa data em diante ela e a menina ficaram sendo odiadas por algumas pessoas que faziam parte nesse terreiro e que por inveja de Omon Oxum começaram a tramar novidades, procurando um meio qualquer para fazer Oxalá se zangar com ela e tomar o "achê" entregue por Oxalá.

Fizeram coisas que Deus duvida contra Omon Oxum porém nada surtia efeito. Cada vez mais Oxalá ia aumentando a amizade e dedicação para Omon Oxum. Ela era muito devotada ao cumprimento das suas obrigações e não dava margem alguma para ser por ele repreendida.
Como dizem que a água dá na pedra até que fura, aconteceu que, na véspera do dia da festa, as invejosas, já desiludidas por poderem fazer o que desejavam,de passagem pela casa de Omon Oxum se depararam com a corôa de Oxalá que ela tinha areado e colocado no sol para secar.

Quando elas viram a corôa de Oxalá muito bonita e mais reluzente do que nunca, combinaram roubar a corôa e ir jogar no fundo do mar. E assim fizeram.

Quando Omon Oxum foi apanhar a corôa para guardar, não encontrou. Ficou doida. Procura daquí procura dali, remexeram com tudo procurando em todos os cantos da casa e nada da corôa aparecer. As invejosas vendo a aflição que estava passando Omon Oxum e sua filhinha, satisfeitas pelo mal que tinham causado, riam as gaiofadas dizendo: agora sim quero ver como ela vai se justificar com Oxalá amanhã quando ele procurar a corôa e não encontrar.

A essa altura Omon Oxum completamente desnorteada só pensava em se matar e já estava resolvida a fazer isso para não passar vergonha perante Oxalá. Foi quando a meninazinha, sua filha de criação disse: - Mamãe, por que a senhora não vai á feira amanhã de manhã bem cedinho e não compra o peixe mais bonito que tiver lá? A corôa de Oxalá deve estar na barriga desse peixe. E assim a menina insistiu, insistiu tanto, até que Omon Oxum se decidiu a aceitar o que a menina aconselhou, dizendo:- Fique tranqüila minha filha, porque de madrugadazinha eu vou acordar para ir à feira ver se encontro com esse peixe que você imagina ter a corôa do nosso Rei Oxalá na barriga.

A menina foi dormir tranqüila.Omon Oxum coitada,não pôde dormir toda a noite preocupada que já amanhecesse o dia para ela ir à feira ver se conseguia encontrar o dito peixe que amenina julgava ter a corôa na barriga.

Quando o dia mal tinha clareado,Omon Oxum pulou da cama, se preparou e lá se foi.Quando ela chegou na feira foi diretamente no mercado de peixe e não encontrou nenhuma escama. Ainda era muito cedo.Omon Oxum deu umavolta pela feira e já bastante impaciente voltou ao
mercado onde encontrou um senhor vendendo
um peixe cujo peixe, era o único que se
encontrava no mercado.

Omon Oxum comprou o peixe e foi voando para casa a fim de destrinchá-lo. Queria ver se sua filha tinha aconselhado bem,para ela poder obter a paz e tranquilidade espiritual, encontrando a corôa de Oxalá. Assim que ela chegou em casa foi logo para a cozinha para abrir a barriga do peixe. Porém não conseguiu.

Quando ela estava aí se acabando de chorar e labutando para abrir a barriga do peixe, a menina acordou e foi logo perguntando: - Mamãe já comprou o peixe? A senhora deixa que eu abra a barriga dele? - Omon Oxum bastante chorosa respondeu:- Minha filha a barriga dele está muito dura. Eu não posso abrir quanto mais você. A menina se levantou,chegou na cozinha,
apanhou um cacumbú e puxou rasgando a barriga do peixe, esta se abriu em bandas deixando aparecer a corôa de Oxalá ainda mais bonita do que era antes.Omon Oxum se abraçou com a menina e de tanto contentamento não sabia o que fazer com ela.Carregava,beijava, dançava, e por fim Omon Oxum olhando para a menina e em seguida voltando as vistas para o céu, disse: - Olorun, Deus que lhe abençoe. Sua mãezinha está sendo perseguida, porém com a fé que tem no seu Eledá, anjo da guarda, não há de ser vencida.

Limparam muito bem limpa,a corôa,eguardaram muito bem guardada juntamente com o restodas coisas pertencentes a Oxalá. Em seguida Omon Oxum cozinhou o peixe, fez um grande almoço e convidou a todos da casa para almoçar com ela dizendo que estava festejando o dia da festa do Pai Oxalá.

Ao meio dia Omon Oxum juntamente com seu, quero dizer, sua filhinha serviram o almoço acompanhado de Aluá ou Aruá, a bebida predileta de Oxalá a qual os Erê dão o nome de mijo do pai. Depois do almoço todos foram descansar para na hora determinada dar começo a festa das Águas de Oxalá.

As invejosas quando viram todo aquele movimento, Omon Oxum muito alegre como se nada tivesse acontecido a ponto de dar até um banquete em homenagem a Festa de Oxalá, ficaram malucas. Uma delas perguntou:- Será que ela encontrou a corôa? - Outra respondeu:- Eu bem disse que queimasse. - E a outra mais danada ainda dizia:- Eu disse a vocês que o melhor era cavar um buraco bem fundo e enterrar. - A primeira procurando acalmar os ânimos, disse para a outra:- Vamos esperar até a hora que ela apresentar as roupas de Oxalá com todos os armamentos.Se a corôa estiver no meio, o jeito que temos é fazer um grande ebó e colocar na cadeira onde ela vai se sentar ao lado de Oxalá. -O ebó,sacrifício,pode ser empregado para o bem ou para o mal.

Quando estava perto da hora de começar a festa,Omon Oxum apresentou a Oxalá toda a roupa com todos os armamentos deixando as invejosas mais danadas e com mais desejo de vingança, a ponto de procurarem fazer o ebó por elas idealizado e colocar na cadeira onde Omon Oxum era obrigada a sentar-se por ordem de Oxalá.

Começou a festa com a maior alegria possível. Oxalá chegou acompanhado por Omon Oxum e se sentou no trono. Omon Oxum sem saber do que estava sendo feito contra ela, também se sentou na sua cadeira ao lado de Oxalá. Quando começaram as cerimônias e que Oxalá precisou colocar a sua corôa, virou-se para Omon Oxum e pediu para ela ir apanhar a corôa.

Omon Oxum quis levantar e não pôde. Fez força para um lado, para o outro, e nada de poder levantar-se, até quando ela decidiu levantar-se de qualquer maneira.Devido a grande dor que sentiu, olhou para a cadeira e viu que estava toda suja de sangue.Alucinada de dor, e horrorizada por saber que Oxalá de forma nenhuma podia ter nada de vermelho perto dele porque era ewó, proibição, saiu esbaforida pela porta afora, indo se esbarrar na casa de Exú.

Quando Exú abriu a porta que viu Omon Oxum toda suja de vermelho, disse:- Você vindo desse jeito da casa de meu pai?
Infringiu o regulamento e eu não posso lhe abrigar,- e fechou a porta.

Daí ela foi para a casa de Ogun, Oxossi, de todos Orixás e sempre diziam a mesma coisa que disse Exú.Só restava a casa de Oxum. Quando Omon Oxum chegou à casa de Oxum, esta já tinha sabido do que estava acontecendo e estava a sua espera. Omon Oxum se jogando nos pés dela disse:- Minha mãe me valha, estou perdida.Oxalá não vai me querer mais em sua casa.
Oxum disse para ela que não se preocupasse, que um dia Oxalá ia buscar ela de volta.Depois Oxum,usando de sua magia,fez com que,do lugar onde sangrava em Omon Oxum saísse Ekodide, pena vermelha de papagaio da costa, até quando sare a ferida.Oxum,depois de colocar todo aquele Ekodidé numa grande igbá
cuia,reuniu todo seu pessoal e todas

BI O TA LADÊ
BI O TA LADÊ
IRÚ MALÉ
IYA OMIN TA LADÊ
OTO RU ÉFAN KOBÁJA OBIRIN
IYA OMIN TA LADÊ

E assim Oxum ricamente vestida, sentada no seu trono, com Omon Oxum ao seu lado, a cuia de Ekodidés e a vasilha para colocarem dinheiro em frente a elas, recebia as visitas de todos os Orixás que iam até lá para ver e saber porque Oxum estava fazendo aquela festa todas às noites.

Todos que lá chegavam e se inteiravam do acontecimento, se era homem dava dodóbálé, se estirava de peito no chão para Oxum, depois apanhava um Ekodidé e colocava uma certa quantia na vasilha que estava ao lado para ser colocado o dinheiro, e se era mulher dava iká, quer dizer, se deitava no chão de um lado e do outro para Oxum e em seguida apanhava um Ekodidé e colocava também o dinheiro na referida vasilha.

Tudo aquilo que estava acontecendo no palácio de Oxum, ficou sendo muito propalado e as invejosas faziam todo possível para que Oxalá não soubesse.
Um dia, elas, sem observarem que Oxalá estava por perto, começaram a comentar o caso, onde uma delas disse:- Com ela não tem quem possa, depois de tudo o que nós fizemos, depois de ter acontecido o que aconteceu aqui no palácio de Oxalá e de ter sido enjeitada por todos Orixás, vocês não estão vendo que Oxum abrigou ela? Curou, conseguindo que do lugar que sangrava saísse Ekodidé, fazendo uma
grande fortuna e aumentando a sua riqueza.

Agora só nos resta é fazer com que o velho não saiba do que está acontecendo no palácio de Oxum, se não é bem capaz de querer ir até lá.
Nisso o velho Oxalá pigarreou dando a entender que tinha ouvido toda a conversação.

Ordenou a elas que procurassem saber a hora que começava o xirê no palácio de Oxum e que elas iam servir de companhia para ele poder ir apreciar o xirê e tomar conhecimento do que estava acontecendo.

Quando elas ouviram Oxalá falar desta maneira bem pertinho delas a terra lhe faltaram nos pés e o remorso montou nos seus cangotes fazendo com que elas fugissem para nunca mais voltar ao palácio de Oxalá.

À noite, depois do jantar, Oxalá cansado de esperar pelas três invejosas e não vendo nenhuma delas aparecer, disse:- Fugiram com medo de que eu castigasse pela grande injustiça que cometeram, não sabendo de que o castigo será dado pelas mesmas.

Assim Oxalá se dirigiu para o palácio de Oxum a fim de assistir o xirê e saber qual a causa do mesmo. Quando Oxalá chegou no palácio de Oxum mandou anunciar a sua chegada.
Oxum mais bonita do que nunca,coberta de ouro e muitas jóias dos pés a cabeça,sentada no seu rico trono,mandou que Oxalá entrasse,e
continuou o xirê cantando

BI O TA LADÊ,
BI O TA LADÊ,
IRÚ MALÊ,
IYA OMIN TA LADÊ.

Quando Oxalá entrou ficou abismado de ver tanta riqueza e quando reparou bem para Oxum, que viu a seu lado Omon Oxum, a pessoa que cuidava dele e de todas suas coisas, a quem ele julgava ter perdido devido o que tinha acontecido, não se conteve, se jogou também no chão dando dodóbálé para Oxum, apanhando um Ekodidé e colocando bastante dinheiro na vasilha. Oxum quando viu o velho dar dodóbálé para ela, se levantou cantando:

DÓDÓ FIN DODÓBÁLÉ
KÓ BINRIN
IYA OMIN TA LADÊ

e foi ajudar a Oxalá se levantar do chão. Depois que Oxalá se levantou Oxum pegou Omon Oxum pela mão e entregou a Oxalá dizendo:-.....

Aqui está a vossa zeladora, sã e salva de todo mal que desejaram e fizeram para ela para que ela ficasse odiada por vós. Oxalá agradecendo a Oxum disse:- Oxum, em agradecimento a tudo o que fizestes de bem e para amenizar os sofrimentos de Omon Oxum eu, Oxalá, prometo levar ela de volta para o meu palácio e de hoje em diante nunca hei de me separar desta pena vermelha que é o Ekodidé e que será o único sinal desta cor que carregarei sobre o meu corpo.

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