sexta-feira, abril 20, 2007

CANDOMBLÉ - CULTURA AFRICANA EM SOLO BRASILEIRO

A palavra Nação entra aí não para definir uma nação política, pois Nação Jeje não existia em termos políticos. O que é chamado de Nação Jeje é o Candomblé formado pelos povos vindos da região do Dahomé e formado pelos povos mahin.

Os grupos que falavam a língua yorubá entre eles os de Oyó, Abeokuta, Ijesá, Ebá e Benin vieram constituir uma forma de culto denominada de Candomblé da Nação Ketu.

Ketu era uma cidade igual as demais, mas no Brasil passou a designar o culto de Candomblé da Nação Ketu ou Alaketu. Esses yorubás, quando guerriaram com os povos Jejes e perderam a batalha, se tornaram escravos desses povos, sendo posteriormente vendidos ao Brasil.

Quando os yorubás chegaram naquela região sofridos e maltratados, foram chamados pelos fons de ànagô, que quer dizer na língua fon piolhentos, sujos entre outras coisas. A palavra com o tempo se modificou e ficou nàgó e passou a ser aceita pelos povos yorubás no Brasil, para definir as suas origens e uma forma de culto. Na verdade, não existe nenhuma nação política denominada nàgó.

No Brasil, a palavra nàgó passou a denominar os Candomblés também de Xambá da região norte, mais conhecido como Sangô do Nordeste. Os Candomblés da Bahia e do Rio de Janeiro passaram a ser chamados de Nação Ketu com raízes yorubás.

Porém, existem variações de Nações, por exemplo, Candomblé da Nação Efan e Candomblé da Nação Ijesá. Efan é uma cidade da região de Ilesá próxima a Osobô e ao rio Osun. Ijesá não é uma nação política. Ijesá é o nome dado às pessoas que nascem ou vivem na região de Ilesá, que caracteriza a Nação Ijesá no Brasil é a posição que desfruta Osun como a rainha dessa nação.

Da mesma forma como existe uma variação no Ketu, há também no Jeje, como por exemplo, Jeje Mahin. Mahin era uma tribo que existia próximo à cidade de Ketu.

Os Candomblés da Nação Angola e Congo foram desenvolvidos no Brasil com a chegada desses africanos vindos de Angola e Congo. A partir de Maria Néném e depois os Candomblés de Mansu Bunduquemqué do falecido Bernardino Bate-folha e Bam Dan Guaíne muitas formas surgiram seguindo tradições de cidades como Casanje, Munjolo, Cabinda, Muxicongo e outras.

Nesse estudo sobre Nações de Candomblé, poderia relatar sobre outras formas de Candomblé, como por exemplo, Nàgó-vodun que é uma fusão de costumes yorubás e Jeje, e o Alaketu de sua atual dirigente Olga de Alaketu. Alaketu não é uma nação específica, mas sim uma Nação yorubá com a origem na mesma região de Ketu, cuja sua história no Brasil soma-se mais de 350 (trezentos e cinquenta) anos ao tempo dos ancestrais da casa: Otampé, Ojaró e Odé Akobí. A verdade é que o culto nigeriano de orixá, chamado de Candomblé no Brasil, foi organizado por mulheres para mulheres.

Antigamente, nas primeiras casas de Candomblé os homens não entravam na roda de dança para os orixás. Mesmo os que tornavam-se Babalorixás tinham uma conduta diferente quanto a roda de dança. Desta forma, a participação dos homens era puramente circunstancial.

Daí ter-se que se inserir no culto vários cargos para homens, como por exemplo, os cargos de ogans.Hoje a palavra Candomblé no Brasil define no Brasil o que chamamos de Culto Afro-Brasileiro.


A ORIGEM DO NOME CANDOMBLÉ

Este culto da forma como é aqui praticado e chamado de Candomblé, não existe na África. O que existe lá é o que chamo de culto à orisá, ou seja, cada região africana cultua um orisá e só inicia elegun ou pessoa daquele orisá. Portanto, a palavra Candomblé foi uma forma de denominar as reuniões feitas pelos escravos, para cultuar seus deuses, porque também era comum chamar de Candomblé toda festa ou reunião de negros no Brasil.

Por esse motivo, antigos Babalorisás e Iyalorisás evitavam chamar o "culto dos orisás" de Candomblé. Eles não queriam com isso serem confundidos com estas festas. Mas, com o passar do tempo a palavra Candomblé foi aceita e passou a definir um conjunto de cultos vindo de diversas regiões africanas.

A palavra Candomblé possui 2 (dois) significados entre os pesquisadores: Candomblé seria uma modificação fonética de Candombé, um tipo de atabaque usado pelos negros de Angola; ou ainda, viria de Candombelé, que quer dizer ato de louvar, pedir por alguém ou por alguma coisa.

NAÇÕES

Como forma complementar de culto, a palavra Candomblé passou a definir o modelo de cada tribo ou região africana, conforme a seguir:

Candomblé da Nação Ketu
Candomblé da Nação Jeje
Candomblé da Nação Angola
Candomblé da Nação Congo
Candomblé da Nação Muxicongo
Uma Casa de Candomblé


Para existir um Ilê (casa de candomblé), é necessário um Babalorixá ou Yialorixá, competente, iniciado dentro da lei, seguindo rigidamente ao longo dos seus anos de iniciação suas normas e preceitos, pois somente assim terá o aval, o consentimento, o axé necessário para desenvolvimento das suas atribuições, atributos esses consignados por seu iniciador no nosso plano material, e seu consequente desempenho com resultados positivos junto à sua comunidade, que só serão obtidos com a aquiescência dos orixás que os monitoram de forma permanente, permitindo ou até mesmo interrompendo uma situação de resultados realmente significativos, quer seja na sua leitura esotérica ou no trato com o povo. Como ninguém planta de manhã para colher à tarde, um Ilê com axé, é estruturado com estudo, aprendizado, dedicação, humildade, respeito e principalmente, conduta ritual, a medida que vai "merecendo" os orixás vão lhe "dando" ao ponto de se obter uma estrutura suficiente, para o início das atividades de um novo Ilê. Em alguns casos, até mesmo por falta de um controle e fiscalização, por parte de uma Confederação legitimada, decorrente da não organização dos adeptos, muitos por conveniência, tem casas que são verdadeiros comércios (não pelo fato de cobrarem algum benefício financeiro para sua manutenção e sustento) pelo exagero dos valores pedidos, se aproveitando do medo e da inocência de algumas pessoas, outras instituem total libertinagem por conveniência de seus comandantes e comandados, outras pela sua ignorância ou mal iniciação, em vez de ajudarem acabam causando um mal maior, e, infelizmente somos abrigados a conviver com essas situações que denigrem como um todo a nação candomblecista; Mas como Oxalá é sublime essas barreiras de alguma forma são superadas, não colocando em risco a religião yorubá, e tão somente fornecendo subsídios à algumas alas de algumas Igrejas, que se aproveitam desses casos de exceções para se enaltecerem e nos escrachar, com objetivos de "angariar" mais fiéis, visando uma melhoria de arrecadação, mas como Deus é único, de alguma forma nos protege e seguimos adiante. As pessoas que frequentam uma casa de candomblé, basicamente são: praticantes, simpatizantes e usuários. A procura por esta religião tanto para prática como consulta, muito é em virtude de um atendimento pessoal e individualizado, em que as pessoas tem uma participação ativa, naquele instante a pessoa não é uma a mais numa multidão, mas o centro das atenções, de uma forma que possa canalizar toda sua fé, para obtenção do seu objetivo, e frise-se, a fé é fundamental e necessária para qualquer intento, onde cada um deve fazer o melhor possível a sua parte, no caso de quem está sofrendo a ação, comparecer fisicamente com o material no dia e hora marcado, quando solicitado ou orientado para tal, e fazê-lo com muita fé e dedicação.

A hierarquia

Observância de uma hierarquia rígida é o instrumento que mantém permanentes as instituições, como o Estado, o exército, a religião... sua tradução literal expressa: ordem e subordinação dos poderes eclesiásticos, civis e militares; graduação de autoridade, correspondente às várias categorias. Em princípio, é o tempo de iniciação religiosa que conta, vale o ditado - antiguidade é posto - seguido do Oye (cargo) que a pessoa ocupe; o mais velho é sempre o mais velho, não importa que mais moço tenha seu cargo religiosos de maior importância; exceção única, feita ao Babalorixá ou Yialorixá, que por poder absoluto, está acima de todo e qualquer outro. De casa para casa ou de nação para nação, variam os cargos e seus nomes, e um ou outro detalhe da escala hierárquica, Via de regra são: - abians - por exprimir uma vontade de participar, ou escolhido a fazer parte da comunidade, recebe do babalorixá, um fio de contas "lavado" (colar ritual, símbolo do orixá do neófito), ou tenha se submetido a um bori (dar "comida" à ori , cabeça física e astral); participam no Ilê, ajudando com tarefas civis, nas festas, na limpeza e arrumação e decoração do barracão, preparo de café e almoço, alguma ajuda na cozinha ritual, onde são preparadas as oferendas dos orixás e demais tarefas afins. - Iyawô - o iniciado, também chamado de adoxú (aquele que levou adoxum ), neste período não lhes são revelados segredos, ficará recluso alguns (que variam de 7 a 21, conforme sua nação), num lugar chamado roncó ou camarinha, um quarto fechado, com algumas esteiras, é confiado aos cuidados do seu ojúbonà (pai-pequeno ou pai-criador) que o auxiliará e ensinará alguns comportamentos durante todo período da iniciação, o qual juntamente com o iniciado, manterá resguardo neste período. Em um primeiro momento é feita a raspagem do cabelo, símbolo de submissão e humildade e preparo do oxú (o alto da cabeça, a moleira astral, chacra principal do corpo humano) para as obrigações principais. Neste período o iniciado tem como objetivo principal receber axé, a qual será responsável, pelo seu aumento e manutenção, através da rígida observância, da sua conduta ritual. Completados sete anos de iniciação, os iyawôs , após fazem sua "obrigação" ritualística que os 7 anos requer, tornam-se ègbónmí (egbomi - "irmão mais velho"), e tem direito a Ter seu próprio Ilê com a benção e autorização do seu babalorixá, bem como Poderá fazer parte do grupo dos Oloiês. - Oloiês`-, podem adoxús ou não-adoxús; os OGÃS, que quer dizer - chefe - podendo em alguns casos, ter seus otuns e osis ; os postos de AXOGUN, ALABÊ, OGOTUN, AFICODÉ, IPERILODÉ, ELEMOXÓ, ILÊIGBÓ, PEJIGAN em paralelo a IYAEGBÉ, IYAKEKERÉ (mãe pequena), BABÁKEKERÊ (pai pequeno), YIÁMORÔ, AJOIÊ ou EKÉDE, DAGÃ, SIDAGÃ, em casa de Xangô, o cargo da KOLABÁ, a IYÁ SIHA (relacionado a um ato litúrgico de Oxalá), IYÁEFUN(BABÁ), IYÁLOSSAIN (BABÁ), IYÁBASÉ. Mais especificamente no ILÊ AXÉ OPÔ AFONJÁ tem os OBÁS DE XANGÔ, seis da direita (otuns), com voz e voto; seis da esquerda (osis) somente com voz. - Agbá - duas condições a um só tempo: a) antiguidade iniciática (mais de 50 anos); b) antiguidade cronológica (mais de 60 anos). - Iyálorixá - (Iyálaxé)/Babalorixá. Uma fila hierárquica, a exemplo da que acontece nas "Águas de Oxalá" assim e procede: Iyálorixá (babá), seguindo os demais Adoxú, quer sejam oloiês ou não, de acordo com o tempo de iniciação, sempre o mais velho na frente do mais moço, sendo a segunda da fila a(o) Iyáegbé (mais velho(a) adoxú do axé e segue a fila de acordo com o tempo de iniciação, atrás do último adoxú, alternando-se ogans e ajoiés, de acordo com o tempo de confirmação, atrás virão ao abians. O mais velho é tudo; sempre se é iyawô para o imediato "mais velho", no próprio "barco" (mais de um iniciado recolhido ao roncó para iniciação) de iyawôs encontramos a figura do mais velho, chamado dofono , e sucessivamente dofonitinho, fomo, fomotinho, gamo e gamotinho.

quizila e as proibições

A quizila é uma forma de reação negativa que atinge as pessoas, quer seja fisicamente, causando algum mal estar, ou, na vida pessoal gerando algum "atrapalho" ou perda; e, acontece quando comemos ou fazemos algo que não devemos; todos os orixás tem suas quizilas, e como filhos devemos respeitá-las, por exemplo: não devemos comer determinadas comidas, que são oferecidas aos orixás, pelo fato que, quando oferecemos à eles esta comida, eles "transformam" as energias daquela comida, em energia positiva para nós, das quais estamos precisando constantemente, portanto é comida do orixá, não nossa. A quizila, em alguns casos, é como se fosse uma "alergia" natural, que comemos alguma coisa, e imediatamente temos uma reação alérgica, porém a mais perigosa é aquela que não sentimos de imediato alguma reação, o que erradamente leva alguns filhos de santo, usarem, um sistema, Ah! Eu comi, não fez mal, não terá problema, aí é que se enganam, pois a reação virá quando menos esperam, atingindo de alguma outra forma. Os iniciados sabem o que devem respeitar, se não o fazem é por serem descomprendidos, evidente que há casos de desconhecimento, por uma má iniciação, e muito mais valor terá, se gostarmos daquilo que não podemos, pois é muito fácil se evitar, o que não gostamos. As proibições mais comuns, são com relação a determinadas comidas, temperos, folhas, bebidas, cores...

O HUMGEBÊ

humgebé é o fio de contas sagrado da nação jeje.e.fõn.ele representa o élo entre o orúm e o aiye. É o fio de conta da vida e da morte,símbolo do próprio céu,do mundo espiritual,invisível e transcedente, o séu cósmico particularmente em suas relações com a terra,somente vodunsis recebem o humgebé, temos visto ogans e ekedis usando erradamente o humgebé, quando o iniciado torna-se um vodunsi, ele recebe o humgebé pois acaba de nascer no mundo do santo,quando o vodunsi morrre,o rumgebé vai com ele pois ele nos liga ao orum,nos traz o orum,e nos leva de volta ao orum, temos observado ,no Rio e em São Paulo, erroneamente,algumas casas de santo darem o rumgebé aos seus filhos de santo somente na obrigaçao de sete anos. Cabe aqui uma pergunta de uma velha doné de salvador[do bogúm]
ao relatarmos esse fato--oxente? vocês no rio e em sumpaulo só nascem aos sete anos é?
A PREPARAÇAO de um humgebé é igual ou maior que a feitura de um vodun incluindo,obrigações,cúrráns,zandros [efún] e mójúbas, etc. O poder do humgebé ultrapassa a mente humana,ele sempre nos aviza quando vai acontecer algo de muito grave. Na vida daquele vodunsi ou no kwe [casa], a voz do humgebé está num grande segredo da nação jeje efõn ,é
um segredo guardado a sete chaves,cada humgebé confeccionado pertence áquele vodunsi e em hipótese alguma, pode ser usado por outra pessoa nem tocado por outra pessoa e quando um humgebé arrebenta ele tem que passar por todo um processo especial para ser reenfiado> A confecção de um humgebé segue características rigidas, deve ter a quantidade certa de miçangas entre os corais e seu fechamento também é um só. Não se fecha humgebé com contas na cor do santo do yao e sim como se deve ser. Temos visto em alguns candomblés o humgebés enrolado no pescoço, esta é uma atitude que quebra todo o seu significado sagrado. A quantidade de corais que compõem um humgebé,ao contrario que muitos pensam, não é fixa, o comprimento de um humgebé, varia de acordo com a altura da pessoa, devendo sempre está um pouco abaixo do quarto chacra, em alguns seguimentos jeje ou fõn ,encontramos o humgebé
composto por dois seguis, um no fechamento e outro no meio, que também é certo e correto. O humgebé é composto de contas,coral e segui; o coral é a árvore das águas, participa do simbolismo da árvore [eixo do mundo] e do simbolismo das águas profundas,origem da vida no mundo. Sua cor vermelha tem simbolismo com o sangue,segundo uma lenda grega, o coral teria surgido das gotas de sangue derramado pela decapitação da medusa, o simbolismo do coral tem tanto a ver com sua cor, quanto com a rara particularidade que tem de fazer coincidir,na sua natureza, os três reinos: animal,vegetal e mineral. Devemos lembrar também,do simbolismo guerreiro da cor vermelha,como símbolo da árvore da vida e das águas profundas, onde faz o elo entre vida e a morte. Sua cor vermelha é o simbolo universal do principio de vida,com sua força,seu poder e seu brilho,cor do fogo e do sangue,representa não a expressão, mas o mistério da vida e da morte. Um lado seduz, encoraja, provoca, o outro lado alerta, detém, incita á vigilância, este é com efeito,ambivalência do vermelho do sangue profundo escondido. Êle é a condiçao da vida,espalhando o significado da morte,o azul do segui,é mais profunda das cores,nele, o olhar mergulha sem o azul do segui,é a mais profunda das cores, nele, o olhar mergulha sem encontrar qualquer obstáculo, perdendo até o infinito. É também a cor mais imaterial e fria em seu valor absoluto,a mais pura, á exceção do vazio total do branco neutro. O conjunto de suas aplicações simbólicas depende dessas
qualidades fundamentais aplicada a um objeto, a cor azul suaviza as formas, abrindo-as e desfazendo-as, desmaterializa tudo aquilo que dele se empregna, é o caminho do infinito,onde o real se torna imaginário.
embutido no azul do segui, como podemos observar, há uma enorme simbologia religiosa e cósmica no nosso humgebe.
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