terça-feira, julho 31, 2007

OBESIDADE É “TRANSMITIDA” ENTRE AMIGOS, DIZ ESTUDO

O estudo, publicado na edição de 26 de julho da revista New England Journal of Medicine, sugere que a obesidade é “socialmente contagiosa”, portanto pode se alastrar entre indivíduos de círculos sociais próximos. A explicação mais provável: A idéia do que é um tamanho corporal adequado é afetada pelo tamanho de seus amigos ou amigas.

Ironicamente, os pesquisadores descobriram que magreza também é contagiosa.

“Os efeitos sociais, eu acho, são muito mais fortes do que as pessoas imaginam”, disse o co-autor do estudo James Fowler, um especialista em redes sociais da Universidade da Califórnia-San Diego. “Tem havido um esforço intenso para encontrar o gene responsável pela obesidade e os processos físicos que são responsáveis por ela, e o que nosso artigo sugere é que você realmente deve passar algum tempo olhando para a vida social também.”

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Um outro especialista da mesma área disse que a nova pesquisa é impressionante, particularmente ao mostrar a ligação causal entre obesidade e amizades. No entanto, ele alerta que a evidência do efeito que se estende aos amigos dos amigos, e assim por diante, é mais fraca.

“Eles sugerem no artigo que a obesidade se espalha entre a rede como se fosse um tipo de epidemia, algum tipo de doença contagiosa”, disse Duncan Watts, que estuda redes sociais na Universidade de Columbia. A afirmação é plausível, ele afirma, mas a pesquisa recente não mostra evidência direta para este fenômeno.

REDES SOCIAIS

A pesquisa mostrou que as pessoas influenciam os hábitos salutares dos demais. Um estudo anterior mostrou que adolescentes associados com amigos que fumam e bebem tinham mais chance de absorver estes comportamentos. No entanto, nenhum estudo passado olhou se o impacto se estende aos amigos dos amigos e além.

Neste novo estudo, Fowler e Nicholas Christakis da Escola Médica de Harvard analisou dados sobre a saúde coletados entre 1971 e 2003 de mais de 12 mil adultos que participaram em um estudo cardiovascular chamado Framingham Heart Study, que ainda está em andamento.

Os participantes deram informações de contato de amigos próximos, muitos dos quais eram participantes do estudo, resultando em um total de 38.611 laços sociais e de família.

Os pesquisadores descobriram que se um amigo participante fica obeso durante o curso do estudo, as chances de que ele mesmo fique obeso aumentam 57%. Entre amigos mútuos (onde ambos os indivíduos indicaram o outro como “amigo”), estas chances quase triplicam.

Entre irmãos, se um fica obeso as chances de um irmão ou irmã ficar obeso aumenta em 40%. Entre marido e mulher o risco aumenta 37%.

O sexo também aumenta o nível de “contágio”. Em amigos do mesmo sexo, os indivíduos tiveram 71% de aumento de chance de ficarem obesos, se um amigo também ficasse. Entre irmãs o risco era de 67%.

FATORES GORDOS

Outros estudos já sugeriram que a obesidade pode ser fisicamente contagiosa, possivelmente passando de uma pessoa a outra através de vírus. Mas esta idéia não é firmemente apoiada. O novo estudo não olha esta possibilidade, mas ao invés, olhou características mentais e atitudes como fatores controladores.

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Os cientistas se certificaram de que não é o caso de pessoas de tamanho corporal similar escolhem pessoas similares para se relacionar. Eles avaliaram pessoas que ficaram obesas após o início do estudo e antes disso haviam apontado quem eram seus amigos.

Eles também desclassificaram aqueles que poderiam ter fatores externos causando a obesidade mutuamente.

O estudo, no entanto, descobriu que importa o lado para o qual a flecha da amizade aponta. Se um sujeito aponta uma pessoa obesa como amiga, ele tende a ser afetado pela obesidade daquela pessoa. Mas quando uma pessoa na ponta receptora não rotula a primeira pessoa como amiga, não havia o efeito de “contágio de obesidade” naquela. A variável distinta era quem chama a quem de “amigo”.

“O fato de que apenas há efeito quando eu penso que você é meu amigo é fortemente sugestivo para mim”, disse Watts.

Talvez amigos apenas passem muito tempo juntos, portanto comem coisas similares e fazem as mesmas atividades físicas. Mas o estudo não encontrou importância na distância geográfica de proximidade para com os amigos. “Portando amigos que estão a milhares de quilômetros de distância tem um efeito tão forte quanto aqueles que estão exatamente na casa ao lado”, disse Fowler.

Os cientistas sugeriram que as descobertas poderiam ser explicadas se a amizade estiver influenciando as normas de cada um para massa corporal.

“O que parece estar ocorrendo é que a pessoa quando começa a ficar obesa causa uma mudança nas normas sobre o que é um tamanho corporal apropriado”, disse Christakis. “As pessoas começam a pensar que está tudo bem ficar maior desde aqueles à sua volta sejam maiores, e isso se espalha.”

CINTURAS INFLADAS

Nos últimos 25 anos a obesidade aumentou seriamente. O novo estudo sugere que as amizades podem estar alimentando a epidemia da obesidade, juntamente com estilos de vida de altas calorias.

“Nós mostramos que o comportamento de uma pessoa atravessa a rede social para ter um impacto além das amizades de primeira ordem”, Fowler disse. “Estamos falando de dúzias de pessoas que estariam sendo afetadas por causa dos hábitos de um único indivíduo”.

Fonte: www.LiveScience.com

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