sexta-feira, setembro 28, 2007

TECNOLOGIA - A COMBINAÇÃO PERFEITA DE CELULAR E INTERNET É MUITO BARATA

É IMPRESSIONANTE COMO A INTERNET CONTINUA IMPONDO SEU DOMÍNIO SOBRE NEGÓCIOS TRADICIONAIS.

Os telegramas desapareceram. As vendas de CDs de música estão em queda. Os jornais sofrem prejuízos. Um negócio particularmente lucrativo, de alguma forma, até agora conseguiu escapar da supremacia da internet: as chamadas internacionais por telefone celular.
No entanto, isso está prestes a mudar. No início do mês que vem, uma pequena empresa chamada Cubic Telecom lançará o que está chamando de o primeiro telefone móvel global.

Mas antes de qualquer coisa, analisemos o cenário atual. Os telefones celulares da T-Mobile e da AT&T contam com o mesmo tipo de rede (denominada GSM) utilizada pela maior parte dos usuários do mundo. Sendo assim, em tese, é possível levar esses telefones para outros países e realizar as chamadas normalmente (a maioria dos telefones da Verizon e da Sprint funciona somente nos Estados Unidos). Infelizmente, a taxa de roaming internacional gira em torno de US$ 1 a US$ 5 o minuto. Uma chamada com duração de 20 minutos de Bahamas pelo telefone da T-Mobile custa US$ 60. A mesma chamada da Rússia pelo telefone celular da AT&T custa dolorosos US$ 100. Tudo bem, claro que sempre existe a possibilidade de alugar um telefone ou usar um cartão telefônico quando viajar, mas neste caso ninguém tem como ligar para você.
É bastante caro ligar dos EUA para o exterior também. A Verizon cobra US$ 1,50 o minuto para chamadas para a maioria dos países. As taxas da AT&T, em alguns casos, são totalmente surreais: US$ 2,52 para a Grécia, US$ 2,80 para o Iraque e US$ 3,65 para a Austrália. Por minuto. Que tal uma ligação de 20 minutos para a Nova Zelândia desembolsando US$ 75 para a AT&T?

NOVIDADE

Agora, a maioria das operadoras oferece planos internacionais especiais: pagando mais por mês, você recebe um pequeno abatimento nas taxas de roaming. Mas mesmo essas operadoras não conseguem superar o atrativo fornecido pelo telefone celular da Cubic. Ele faz ligações de ou para 214 países, 50% a 90% mais baratas do que as cobradas pelas grandes operadoras.

Nesse telefone, uma ligação de 20 minutos de Bahamas custa US$ 5,80 (90% a menos do que a taxa da T-Mobile). O preço da Cubic para chamadas da Rússia é de US$ 0,49 por minuto (90% a menos do que o da AT&T). Além disso, não se paga taxa mensal e não há obrigações vinculadas ao serviço. Funciona como um telefone pré-pago: coloca-se dinheiro na conta e se gasta à medida que se fala.

A essa altura do artigo, a reação mais esperada de um viajante internacional é salivar involuntariamente. Mas calma. Há detalhes que ainda precisamos analisar. A notícia, de modo geral, é boa, porém a novidade também é dotada de mais complexidade.

Por exemplo, pelo site MaxRoam.com da Cubic, é possível solicitar números de telefones locais em até 50 cidades sem nenhuma cobrança. Agora você pode ter um número em Paris, outro em Londres e mais um na Cidade do México, números do seu telefone celular para os quais seus amigos no exterior podem ligar.

Não é mais necessário informar uma série de números de telefones internacionais para cada viagem que você for fazer ou então esperar que seus colegas nos Estados Unidos paguem US$ 50 por ligação para falar com você.

A Cubic ressalta que somente esse recurso já é um divisor de águas para as pessoas que, por exemplo, mudaram-se de algum país para os Estados Unidos. A família de quem se mudou pode manter contato pelo preço de uma chamada local.

Eu me cadastrei para obter números em Paris, Londres e Barcelona e, em seguida, pedi que meus amigos nessas cidades me ligassem. Eles discaram números locais, e meu telefone tocou em Nova York. Muito engenhoso.

A qualidade de voz era típica de chamadas pela internet: perfeitamente compreensível, porém um pouco abafada, com um atraso na chegada da voz variando de um quarto de segundo a um segundo.

Isso ainda não é tudo em se tratando das possibilidades oferecidas por este telefone. Por US$ 42 por mês, é possível ativar a opção de chamadas Wi-Fi ilimitadas. Ela permite que você receba ligações ilimitadas para qualquer número no mundo a partir de hotspots da internet, ou que faça ligações por US$ 0,01 o minuto. Seja como for, são poucos os temores de estourar a conta.

O serviço funciona em hotspots que exigem senha, mas não os que exigem login em página da web. Ao contrário dos novos telefones HotSpot@Home, da T-Mobile, que administram as chamadas com perfeição entre o Wi-Fi e a rede de celular à medida que você se movimenta de um local a outro, o telefone da Cubic derruba a chamada quando você sai do hotspot.

Contudo, se você faz muitas ligações internacionais, esta opção pode render ainda mais economias. A qualidade de voz é excelente, embora essas chamadas de Wi-Fi sejam, algumas vezes, prejudicadas por bipes, cliques ou quedas de conexões aleatórias.

Em alguns aspectos, o telefone da Cubic não é apenas diferente. Na verdade, é excêntrico. Por ser um telefone sem um país, ele exige um código de país e um código de área para toda ligação, mesmo que seja para seu vizinho.

Agora, a maior esquisitice de todas: quando você tecla um número e pressiona enviar, o seu telefone toca alguns segundos depois. Quando você atende, escuta uma voz dizendo, "Conectando a sua chamada", e depois escuta a outra pessoa atendendo.

VIA INTERNET

É esse o grande truque da Cubic: ela carrega a sua chamada pela internet. Portanto, ao fazer uma ligação, você aciona o próprio sistema da Cubic para que ele ligue de volta para você, evitando ter de usar as caras redes de celular das grandes operadoras.

É preciso um certo tempo para se acostumar a isso também, já que aumenta cerca de 25 segundos na espera de cada ligação. Mas basta se lembrar do mantra: "economia de 90%, economia de 90%".

Esse é um dos motivos que talvez façam com que você não queira usar o Cubic como seu principal telefone celular. Aqui vai mais um: as taxas de ligações nacionais comuns ainda não foram estabelecidas, mas provavelmente ficarão nos elevados US$ 0,15 por minuto. Contudo, como não há taxa mensal, não há nenhum motivo que o impeça de simplesmente manter o Cubic na gaveta até que precise viajar (ou fazer ligações internacionais).

Ao viajar para o exterior, é possível direcionar seu número de telefone celular regular para o Cubic ou mudar sua saudação de mensagem de voz instruindo as pessoas a usar o seu número do Cubic enquanto estiver viajando.

O telefone da Cubic em si não é arrojado. É um telefone com câmera no formato de barra fabricado pela Pirelli, isso mesmo, a fabricante de pneus, com menus desajeitados, inicialização bastante lenta e uma tendência a bloquear.

CARTÃO SIM

Mas atenção para uma informação de tirar o fôlego: o sistema global e barato da Cubic não tem nada a ver com o telefone. A verdadeira mágica está no cartão SIM, o cartão de memória que determina as informações de sua conta.

Então, preste atenção: por US$ 40, você pode comprar esse cartão sem o telefone. Segundo a Cubic, é possível colocá-lo em qualquer telefone GSM, até mesmo o seu telefone de uso normal da T-Mobile ou da AT&T, desde que seja um telefone "não bloqueado" (que funcione com cartões SIM de outras empresas).

Assim, seu próprio telefone celular se comporta exatamente como o telefone da Cubic conforme descrito até agora, com exceção da chamada Wi-Fi, obviamente.

São muitos dados para assimilar e será difícil para a Cubic explicar todas essas minúcias para o grande público em curto prazo (por enquanto, saíram-se com "All Global Calls Are Local Calls", algo como, "todas as ligações internacionais são locais". Nada mal.) Talvez tivessem se saído melhor apresentando um recurso de cada vez.

É importante saber também que a empresa responsável por derrubar essa fortaleza de taxas de roaming exorbitantes é um pequeno grupo de 13 pessoas da Irlanda, com vasta experiência em cartões de chamada, mas nenhuma em vendas de telefones celulares. Seus planos são ambiciosos e arrebatadores, porém incompletos.

Diversas áreas de seu sistema ainda precisam ser organizadas, inclusive suporte técnico, serviço de atendimento ao cliente, documentação, planejamentos de dados na internet e taxas de ligações nacionais.

Mas quem se importa. Temos aqui um telefone de US$ 140 ou um cartão SIM de US$ 40, capaz de gerar economias de milhares de dólares ao ano para o usuário. Dependendo da quantidade de ligações internacionais que você fizer, ele se paga em uma semana ou um mês.

No mínimo, essa engenhosa combinação entre telefone celular e internet deve causar preocupação entre as corporações gigantes que atualmente limpam os bolsos de quem viaja. É assim que será colocado um fim no último grande nicho excessivamente caro da era pré-internet. Sem movimentos abruptos. Apenas com um cartão SIM. [NYT]
Fonte: http://groups.tecnocientista.info/nd.asp?cod=6121

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