segunda-feira, fevereiro 16, 2009

A TV que você dobra e leva no bolso

Você enfia a mão no bolso e dele tira um pedaço de plástico dobrado. Ele se acende. Você pressiona uma das bordas e estica o material até que fique como uma tela.

Depois, você enrola o aparelho, como um canudo de papel, e guarda no bolso. Hoje, essa tecnologia ainda não está no mercado. Mas é um consenso entre os pesquisadores que o futuro da transmissão de informações pertence às telas maleáveis.Durante a CES em Las Vegas, a principal feira mundial de novidades eletrônicas, em janeiro, a Sony apresentou um projeto de laptop com uma tela flexível. Ela cumpria o papel de teclado e monitor – sem dobradiça – e podia ser aberta, como uma revista, duplicando a área do monitor. O modelo não passava de um brinquedo de plástico, mas deu uma ideia do que eles sonham fazer. A Sony também mostrou um bracelete revestido, que funcionaria como reprodutor de vídeo e áudio. Já imaginou assistir a um filme no pulso?

A principal ideia em projeto é o papel eletrônico, feito com telas tão finas quanto folhas de sulfite. Espera-se que ele possa substituir livros, revistas e jornais, dando a impressão de uma folha de papel comum. Ele poderia ser enrolado e guardado no bolso, como plástico.

As telas flexíveis também têm uso militar, o ambiente em que, tradicionalmente, as novas tecnologias são testadas antes da produção comercial em larga escala.

As telas poderiam ser fixadas na farda de combate, nos braços e nos pulsos dos soldados, ou usadas em relógios. Além de substituir equipamentos pesados e difíceis de carregar, permitiriam a transmissão de informações críticas, como instruções, mapas e fotos, nos campos de batalha.

Desde 2004, o Exército americano já doou US$ 100 milhões ao Flexible Display Center, da Universidade do Estado do Arizona, principal centro de pesquisas sobre telas flexíveis dos Estados Unidos, que desenvolveu o Soldier Flex PDA, um computador de bolso com visor flexível que os soldados começaram a usar em 2007. O peso do aparelho diminuiu com a nova tela. A tecnologia também reduziu o consumo de energia.

As expectativas em torno da produção de telas flexíveis têm levado empresas e universidades a pesquisar novos materiais. Em janeiro, um grupo de cientistas da Universidade Sungkyunkwan, na Coreia do Sul, descreveu um método alternativo e mais versátil de produzir filmes com base em um novo material derivado do carbono, o grafeno.

Graças a sua estrutura, ele é um dos materiais mais resistentes entre os já produzidos. Especula-se que o grafeno possa até substituir o silício na fabricação de chips de computador e outros produtos eletrônicos.

Ele representa um avanço, porque suas folhas são finas e podem ser dobradas sem que haja qualquer dano. Elas também conduzem eletricidade. Até a descoberta dos coreanos, era possível produzir grafeno apenas em tamanhos menores que a espessura de um fio de cabelo. Agora, os pesquisadores trabalham na escala de alguns centímetros.

Nos EUA, o centro que faz as pesquisas para o Exército, no Arizona, testou recentemente, em parceria com a DuPont e a HP, um processo de impressão usando telas flexíveis em rolos plásticos e a tinta eletrônica E Ink, desenvolvida no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

Tudo funciona como numa gráfica tradicional. Mas o produto resultante, apesar da semelhança com um livro comum, será revolucionário. O texto e as imagens de cada página podem mudar como uma tela de computador.

Para produzir as telas individuais, o plástico é cortado, como páginas normais. Essas telas são leves e dobráveis e gastam muito menos energia que as de cristal líquido (LCD), usadas em TVs e monitores de computador.

No ano passado, a empresa de tecnologia Plastic Logic apresentou seu modelo de livro digital. Ele usa tinta eletrônica e materiais plásticos. Tem apenas 7 milímetros de espessura, pesa 450 gramas e a bateria dura uma semana.

Seu público-alvo é formado por executivos que não queiram carregar livros, jornais e muito papel. Tudo pode ser armazenado no aparelho. A produção das telas flexíveis precisa superar dois grandes desafios.

O primeiro é fazer tinta colorida – por enquanto, tudo é em preto e branco. O segundo é tornar as telas rápidas o bastante para exibir imagens em movimento – hoje, elas são estáticas.

Algumas empresas concentram seus esforços para levar a cor às telas. Uma das alternativas poderá ser uma tela que usa compostos orgânicos que emitem luz quando recebem cargas elétricas, conhecido como Oled. O próximo desafio será fazer com que custem um preço que você se disponha a pagar.

Fonte: Época
http://www.adnews.com.br/cultura.php?id=84077

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