segunda-feira, março 30, 2009

Chico Xavier e Clara Nunes

Estava presente na reunião do “Grupo Espírita da Prece”, em Uberaba, quando Chico recebeu a mensagem de Clara Nunes, uma das maiores intérpretes da nossa música popular.

Foi no dia 15 de setembro de 1984 e, desde então, permanecemos na expectativa de que a referida página nos viesse ter às mãos, o que somente agora aconteceu, por uma deferência do Dr. Francisco Borges de Oliveira, diretor do Grupo Espírita “Paulo de Tar­so”, de Caetanópolis – MG, que mantém a creche “Clara Nunes”.

Destacamos que, em suas palavras, conforme poderá ser verificado, Clara, após o desenlace, foi assistida por entidades vinculadas aos cultos afro-brasileiros que confiaram o Espírito liberto aos seus pais igualmente desencarnados.

A mensagem foi dirigida por ela à sua irmã Maria, presente na reunião à qual nos reportamos.

Querida Maria:

Eu pressentia que o encon tro através das notícias seria primei ramente com você. So men te você teria dispo sição de via jar de Caetanópolis até aqui, no objetivo de atingir o nosso inter câmbio.

Descrever-lhe o que se passou co migo é impossível agora. Aquela aneste sia suave que me fazia sorrir se trans formou numa outra espécie de repouso que me fazia dormir.

Sonhava com vocês todos e me via de regresso à infância.
Era uma alegria que me situava num mundo fantástico.
Melodias e cores, lembranças e vozes se mesclavam e eu me perdia naquele estado desconhecido.

Não cuidava de mim. Lembrava-me dos que ficavam, mas ainda não sabia se a mudança seria definitiva. Acordei num barco engalana do de flores, seguido de outras embar cações, nas quais muitos irmãos entoa vam hinos que me eram estranhos. Hinos em que o amor por Iemanjá era a tônica de todas as palavras.

Os amigos que me seguiam falavam de libertação e vitória. Muito pouco a pouco me conscientizei e passei da euforia ao pranto da saudade, porque a memória despertava para a vida na retaguarda e o nosso Paulo se fazia o centro das minhas recordações.
Queria-o ali naquela abordagem maravilhosa, pois os barcos se abeiravam de certa praia encantadoramente enfeitada de verde nas plantas bravas que as guarneciam.

Quando o barco que me conduzia ancorou suavemente, uma entidade de grande porte se dirigiu a mim com paternal bondade e me convidou a pisar na terra firme. Ali estavam o meu pai Manuel, e nossa Mãezinha Amélia.

Os abraços que nos assinalavam as lágrimas de alegria pareciam sem fim. Era muita saudade acumulada no coração. Ali passei ao convívio de meus pais e os meus guardiões retornavam ao mar alto.

Retomei a nossa vida natural e, em companhia de meu pai, pude rever você e os irmãos todos me comovendo ao abraçar a nossa Walde mira, que me pareceu um anjo preso ao corpo.

Querida irmã, não disponho das palavras exatas que me correspondam às emoções. Peço a você reconfortar o nosso Paulo e dizer-lhe que não perdi o sonho de meu filhinho que nascesse na Terra de nossa união e de nosso amor.

O futuro é luz de Deus. Quem sabe, virá para nós uma vida renovada e dife­rente pa ra as mais lindas reali zações?

Você diga ao meu poeta e le trista querido que es tou contente por vê-lo fortalecido e resis ten te, exceção fei ta dos “co pi nhos” que ele conhece e que es tou vendo agora um tanto aumen tados...

Desejo que ele saiba que o meu amor pelo esposo e noivo permanente que ele continua sendo para mim, está brilhando em meu coração, que con tinua cantando fora do outro coração que me prendia.

A cigarra, por vezes, canta com tanta persistência em louvor a Deus e a Natureza, que se perde das cordas que coordenam a cantiga, caindo ao chão, desencantada. O meu coração da vida física não suportou a extensão das melodias que me faziam viver, e uma simples renovação para tratamento justo me fez repousar nas maravilhas diferentes a que fui conduzida.

Espero que o nosso Paulo consiga ouvir-me nestas letras. Agradeço a ele as atitudes dignas com que me acom panhou até o fim do corpo, tanto que agradeço a você e as nossas irmãs e ir mãos o respeito com que me hon raram a memória, abstendo-se de reclamações in débitas junto aos médi cos humani tários que se dispuseram a servir-nos.

Querida irmã, continue com o nosso grupo em Caetanópolis. O irmão José Viana e o Dr. Borges estão conquistando valiosas experiências. Muitas saudades e lembranças a todos os nossos e para você um beijo fraternal com as muitas saudades de sua, Clara.

Fonte: “O Mensageiro - Revista Espirita Cristã do Terceiro Milênio - Editoriais - Setembro de 2008. Texto enviado por e-mail pelo amigo ALEXANDRE CUMINO

Nenhum comentário: